*~Os amantes da casa verde~*
E foi assim, tão natural quanto a calma em seus olhos, que aquele sorriso lhe escapou pelo canto da boca. Ele parecia tranquilo ali sentado na sua frente, como se pudesse passar todo o tempo do mundo ali, parado, encarando-a.
- Não tem nada a dizer? - Perguntou-lhe impaciente olhando-o fixamente nos olhos.
- Quer me perguntar algo minha querida?- Respondeu-lhe tranquila e serenamente.
- Não, nada de especial- disse tornando seu olhar para a janela aberta do outro lado da pequena sala.
Levantou-se calmamente e foi até a janela. Os olhos dele seguiam-na por todo o trajeto através do cômodo. Era como se o andar dela o tivesse enfeitiçado. E ficou lá, parada, pensando. Olhava-o vez ou outra como se para certificar-se de que ele ainda estava lá.
- Que bela vista. A cidade à noite é ainda mais bela do que de dia, ainda mais quando iluminada pela luz da lua cheia como agora, não acha?
- É, mas não mais bela do que seu rosto iluminado por essa suave luz azulada que faz com que seus lindos cabelos castanhos mais pareçam pretos e faz com que seus olhos pareçam brilhar mais intensamente do que o natural. Esse vento que passa suavemente por seus cabelos fazendo com que se despenteiem levemente e seu sorriso ao levar a mão ao rosto para afastar a franja que lhe cai nos olhos. Sinceramente, não há nesse mundo imagem mais bela que a sua minha jovem. Você é simplesmente perfeita.
- Não diga bobagens,ninguém é perfeito.
- Então você deve ser ninguém, pois seu sorriso é mais belo que a visão das flores a desabrochar na primavera. Seu perfume é mais doce e delicado que o da mais formosa e cheirosa das flores. Seus olhos são como dois abismos profundos onde sentimo-nos cair ao encara-los diretamente. Seu corpo é mais lindo do que a mais perfeita obra de arte. Você simplesmente não pode ser real. Tamanha é sua beleza que não se é capaz de se imaginar nem mesmo nos mais amaveis sonhos. E você a despreza.
- Não seja tolo Sekhemet. Você fala como se eu fosse uma deusa quando sou apenas uma mulher, comum, mortal. Não precisa dizer tantas palavras belas, sabe que eu já te amo. Não tem que me conquistar, poupe seus elogios.
- Minha amada Sibyl, esses elogios não são nada comparados a sua beleza; ao que sinto por você. Você merece muito mais do que elogios, mas eles são tudo que posso lhe dar.
Aproximou-se dela, abraçou-a por trás e sussurou em seu ouvido.
- Você é a minha inspiração. É o motivo pelo qual me levanto todos os dias. É o ser mais perfeito que Deus teve a capacidade de criar. É um anjo fugido dos céus que veio para fazer de mim o homem mais feliz da terra.
Ele beijou-a. Podia sentir o perfume dos cabelos dela envolvendo-o suavemente como uma cobra ao envolver a presa. Amparava os lábios trêmulos e doces da bela jovem com um beijo seguro, romântico. Como quem diz "estou aqui". Segurava-a delicadamente porém seguramente como se não quisesse que ela escapasse. E ficaram lá, abraçados, em frente a janela por longos minutos. Ele envolveu-a em seus braços e ficaram juntos olhando a lua cheia no céu ofuscando o brilho das estrelas naquela noite sem nuvens. Depois, afastaram-se da janela. Ele sentou-se no sofá, ela escorou-se nele e adormeceu.
- És ainda mais bela quando adormecida, meu anjo- disse sussurando em seu ouvido.
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